“Não sei o que estarei fazendo no mês que vem”, disse Pedro Dória, Editor executivo de Mídia da Infoglobo, em recente apresentação. “Um guia de viagem para três meses é o máximo de horizonte que se consegue antever coerentemente” é a fala Aaron Levie, fundador e CEO da Box, uma empresa de Internet nos Estados Unidos. Sim, são atividades ligadas à T.I., onde  este culto à emergência é refrão de seus negócios. Mas, cá e lá, aplica-se somente a eles? Quando ouvimos falar em velocidade da mudança, sempre há os que  dizem: “bem, isso é no Vale do Silício e não no Vale do Paraíba“. Será?

Muitas palestras sobre gestão moderna começam com algo mais ou menos assim: neste mundo atual globalizado, complexo, caótico, cheio de incertezas...

Pois bem, uma matéria da revista Fast Company** diz que a  velocidade da mudança na economia tornou o caos a face dos negócios.  A Geração Flux é aquela que consegue conviver neste cenário. Não se trata de uma definição demográfica, mas psicográfica: o que a caracteriza  é um modelo mental que abraça a instabilidade, tolera e aprecia a redefinição de carreiras, modelos de negócio e paradigmas. Não se pode prevenir o caos; apenas responder. Sua maior competência está em adquirir novas competências.

A incerteza, diz o estrategista Dev Patnaik, ocorre quando V. define a variável, mas não o seu valor, como num jogo de dados, onde v. tem os números, mas não o resultado. Sua prima é a ambiguidade, onde V. não está seguro sobre quais são as variáveis; nem sabe quantos dados são e quais as suas faces. As organizações atuais podem resolver problemas complexos e claros, mas se atrapalham quando vivenciam a ambiguidade e a incerteza. Um representante da Geração Flux diria algo como: sou uma coleção de muitas coisas e não uma só.

Isso não quer dizer que o futuro não seja uma preocupação. É incorporado pela consciência da missão. A diferença é que não há a repetição do que aconteceu ontem, o que é visto como uma vulnerabilidade. Também não há rejeição à hierarquia. Muda o modo de trabalhar, pois a criatividade é peça chave e só pode acontecer quando as equipes têm mais liberdade e o dizer não faz parte da cultura. A criatividade vem dos movimentos imprevisíveis. O desafio para o líder na Geração Flux é encorajar criatividade e agilidade sem perder as vantagens da hierarquia. É mais difícil ser um líder assim. A hierarquia é top-down; os sistemas bottom-up.  

É possível que nem todos sejam talhados para a Geração Flux, em especial para liderar. Que, pelo menos, sejam seguidores e atores de uma peça em que os papéis podem mudar a cada ato.

*  A expressão “flux” em inglês tem, nesta acepção, o sentido de mudança contínua cf.Oxford Advanced Learners Dictionary.

** Revista Fast Company – November 2012 – The Secrets of Generation Flux – How to Lead in a Time of Chaos – Robert Safian


* Luiz Augusto M. da Costa Leite - CMC, HRMP. Diretor da Change Consultoria de Organização, Membro do Advisory Board do WIAL – World Institute For Action Learning. Presidente do WIAL Brasil (World Institute for Action Learning). CMC - Certified Management Consultant, conferido pelo ICMCI (International Council of Management Consulting Institutes), no Brasil representado pelo IBCO (Instituto Brasileiro de Consultores de Organização). HRMP – Human Resource Management Professional, concedido pelo HRCI – Human Resource Certification Institute. 

Consultor do IDEMP – Instituto de Desenvolvimento Empresarial. 

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